Literatura infantil e ideologia
da Escola sem Partido à pedagogia da ironia
Resumo
No século XIX, a literatura infantil surge como um instrumento ideológico a serviço das classes dominantes, com a finalidade de formar indivíduos alinhados com as aspirações daquelas sociedades. Esse modelo é identificado pela construção de um conhecimento bivalente e empobrecido, por limitar-se a um pensamento polarizado que se opõe à revolução filosófica ocasionada pelo giro ontológico-linguístico. Na atualidade, ainda é possível identificar essas influências em bandeiras como, por exemplo, a da “escola sem partido”, o que conduz à discussão sobre a influência da literatura infantil no ensino universitário do direito e na formação do senso comum teórico dos juristas. A partir dessa problemática, por meio do método hipotético-dedutivo, o presente ensaio propõe uma pedagogia irônica, amparada na filosofia de Rorty, como uma poderosa e emancipatória ferramenta de ensino.
Referências
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
ALMEIDA, Felipe Quintão; VAZ, Alexandre Fernandez. Richard Rorty e a filosofia da educação: uma análise da recepção marxista. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 38, n. 1, p. 249-270, mar. 2013. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S2175-62362013000100014. Acesso em: 25 jun. 2018.
ALTHUSSER, Louis. Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado. Lisboa: Presença, 1980.
BACHELARD, Gaston. A epistemologia. Trad. Fátima Lourenço Godinho e Mário Carmino Oliveira. Lisboa, Portugal: Edições 70, 2006.
BACHELARD, Gaston. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Trad. Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
BERTI, Enrico. As Razões de Aristóteles. São Paulo: Edições Loyola, 1998.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2010.
DOS SANTOS JÚNIOR, Moisés Gonçalves; DA SILVA, Marcela Verônica. Formando pequenos leitores: o direito e o poder da literatura na educação infantil. Revista Língua & Literatura, v. 17, n. 30, p. 159-174, 2015. Disponível em: http://revistas.fw.uri.br/index.php/revistalinguaeliteratura/article/view/1934. Acesso em: 20 jun. 2020.
ESPÍNDOLA, Angela Araújo da Silveira; SEEGER, Luana da Silva. O ensino jurídico no Brasil e o senso comum teórico dos juristas: um olhar a partir de Warat. Revista de Direito da Faculdade Guanambi, Guanambi, v. 5, n. 02, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.29293/rdfg.v5i02.239. Acesso em: 16 out. 2020.
GADAMER, Hans-Georg. Hermenêutica em retrospectiva. Trad. Marco Antônio Casanova. Petrópolis: Vozes. 2012.
ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. São Paulo: 34, 1999.
JAUSS, Hans Robert et al. A história da literatura como provocação à teoria literária. São Paulo: Ática, 1994.
KIRCHOF, Edgar Roberto Roberto; BONIN, Iara Tatiana. Literatura infantil e pedagogia: tendências e enfoques na produção acadêmica contemporânea. Pro-Posições, v. 27, n. 2, p. 21-46, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-73072016000200021&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 10 jun. 2020.
MOTTA, Luiz Eduardo; SERRA, Carlos Henrique Aguiar. A ideologia em Althusser e Laclau: diálogos (im)pertinentes. Revista de Sociologia e Política, Curitiba , v. 22, n. 50, p. 125-147, jun. 2014 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782014000200009&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 22 jun. 2018.
PAULINO, Graça. Letramento literário: cânones estéticos e cânones escolares. Caxambu: ANPED, 2010.
RICOEUR, Paul. Interpretação e ideologia. Rio de Janeiro: F. Alves, 1990.
RODRIGUES, Horácio Wanderlei; GRUBBA, Leilane Serratine. Bachelard e os obstáculos epistemológicos à pesquisa científica do direito. Sequência, Florianópolis, n. 64, p. 307-334, jul. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-70552012000100013&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 22 jun. 2018.
RORTY, Richard. A Filosofia e o Espelho da Natureza. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994a.
RORTY, Richard. Consequências do Pragmatismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.
RORTY, Richard. Contingency, irony, and solidarity. New York: Cambridge University Press, 1989.
RORTY, Richard. Pragmatismo e Política. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
RORTY, Richard. Relativismo: encontrar e fabricar. In: CÍCERO, Antonio; SALOMÃO, Waly (Org.). Relativismo enquanto Visão de Mundo. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1994b.
RORTY, Richard. Uma Visão Pragmatista da Filosofia Analítica Contemporânea. In: RORTY, Richard; GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. Ensaios Pragmatistas: entre subjetividade e verdade. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2006, p. 105-125.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na transição paradigmática. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2011. v. 1.
SANTOS, Boaventura de Souza. Ciência e senso comum: Introdução a uma Ciência Pós‐Moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1989.
STEIN, Ernildo. Introdução ao pensamento de Martin Heidegger. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.
STRECK, Lenio Luiz. Sobre ponderações e katchangas: o senso comum venceu?. São Leopoldo: Edição do autor, 2017.
WARAT, Luis Alberto. Saber crítico e senso comum teórico dos juristas. Seqüência, Florianópolis, v. 3, n. 5, p. 48, 1982.
WARD, Ian. Law and literature: possibilities and perspectives. New York: Cambridge University Press, 1995.
ZILBERMAN, Regina; MAGALHÃES, Ligia Cademartori. Literatura infantil: autoritarismo e emancipação. São Paulo: Ática, 1982.
Copyright (c) 2020 Guilherme Gonçalves Alcântara, Aline Mariane Ladeia Silva

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Os direitos autorais dos artigos publicados são dos Autores, com direitos do periódico sobre a primeira publicação, impressa e/ou digital.
Os Autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Revista de Direito da Faculdade Guanambi como o meio da publicação original. Se não houver tal indicação, considerar-se-á situação de auto-plágio.
A reprodução, total ou parcial, dos artigos aqui publicados fica sujeita à expressa menção da procedência de sua publicação neste periódico, citando-se o volume e o número dessa publicação, além do link DOI para referência cruzada. Para efeitos legais, deve ser consignada a fonte de publicação original.
Por se tratar de periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais e científicas desde que citada a fonte, conforme a licença da Creative Commons.
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.
The copyright of the published articles are of the Authors, with rights of the journal on the first publication, printed and/ or digital.
The Authors may only use the same results in other publications clearly indicating the Guanambi College Law Journal as the medium of the original publication. If there is no such indication, a situation of self-plagiarism shall be considered.
The reproduction, in whole or in part, of the articles published herein is subject to the express mention of the origin of their publication in this journal, citing the volume and number of this publication, in addition to the DOI link for cross-reference. For legal purposes, the original publication source shall be allocated.
Because it is an open access journal, it is allowed the free use of articles in educational and scientific applications provided that the source is cited, according to the creative commons license.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Non-Commercial-ShareQual 4.0 International License.